segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Benfica de Rui Vitória: Análise à pré temporada I



Terminou a pré temporada do bi-campeão, e a partir do próximo domingo já é a sério. Hora de fazer o balanço do novo Benfica, por isso nada como compilar tudo o que de bom e mau aconteceu durante a digressão que tanta polémica levanta. 

O Plano de pré temporada - Digressão dos milhões. 

Não parece, de facto, ter corrido muito bem esta digressão de milhões pelos Estados Unidos, Canadá e México. E não digo isto apenas pelos resultados. Não correu bem porque no final das contas Rui Vitória afirma que a equipa está saturada e ansiosa por voltar a casa. Foram mais de duas semanas aos "tombos" por três países, sem as condições ideais de treino, mas pior, sem a possibilidade dos jogadores descarregarem/descomprimirem as suas emoções num local que lhes fosse confortável - não será exactamente a mesma coisa andar de hotel em hotel, ou poder manter o mesmo local de descanso por um largo período de tempo, tendo mesmo a possibilidade de descansar na sua própria casa durante alguns dos dias (situação que se verificaria no caso da equipa apenas ter tido um ponto de estágio fora do Seixal, e regressando mais cedo a casa). A somar a isto, as viagens foram longas, as cargas de treino seguramente duras, o calor apertou muito, houve humidades altas... jogos em altitude.. Tudo potenciou ao máximo o desgaste da equipa. No imediato foi mau, veremos como reagem os jogadores a este "esgotamento"  físico e psicológico - hora de confiar no tão badalado LAB. Os resultados negativos trouxeram por outro lado ainda mais fadiga mental, pois ganhar ajuda sempre a manter boa disposição, níveis de satisfação mais altos, mais confiança... como as vitórias não apareceram, o objectivo "promoção da marca" acabou por não resultar em pleno! O Benfica participou no mais importante torneio de pré temporada... mas deixou imagem de ser uma das mais fracas equipas que lá esteve! Seguramente não foi a melhor das impressões! Diga-se, no entanto, que para mim estas digressões fazem todo o sentido durante a pré temporada. Os clubes são cada vez mais empresas, a vertente financeira é determinante para poder concorrer pelos melhores "produtos" - jogadores - e para isso é preciso promover a marca em todos os mercados que tenham potencial para a fazer crescer. Mas mais uma vez, depois não se pode só ir lá... é preciso lá estar, e mostrar que a marca é boa... GANHANDO! Porém, e apesar de concordar com estes planos de pré temporada, penso que as condições devem ser idealizadas! Duas semanas e meia (quase isso), parece-me demasiado! Se calhar uma semana a menos, com jogos mais frequentes e localizados numa ou duas cidades, faz mais sentido e permite uma melhor gestão da equipa! Gostava de ouvir a opinião de quem preparou, delineou e esteve com a equipa nesta "aventura", percebendo que ilações foram tiradas  para o futuro. Seguramente que não será boa prática voltar a repetir exactamente este "menu".

O Lado Desportivo:

Se na vertente promocional a ideia era boa, com poucos riscos, e não acabou por funcionar na plenitude... no lado desportivo já se sabia que o plano não era ideal, tinha muito por onde falhar, e o resultado final confirmou as piores expectativas. Foram 5 jogos, três derrotas e dois empates (aqui os penaltis não servem nem para encher chouriços). Daqui pode-se logo perceber que as coisas não saíram tão bem como se desejava! Mas o pior foi verificar que a equipa piorou o seu futebol nos últimos jogos! A realidade é que os jogos com PSG e Fiorentina foram aceitáveis, típicos de pré temporada, onde se começou aos poucos a notar as alterações que Rui Vitória quer introduzir. As coisas até melhoraram um pouco ao longo da semana, e o jogo com o NYRB mostrou um Benfica em alguns momentos "agradável", mas pouco eficaz e algo "desconcentrado". Se a expectativa era que no México a evolução continuasse a ser visível, a realidade é que deu-se uma quebra enorme.. e o pouco de bom que tinha aparecido nos EUA e Canadá, desapareceu, ficado uma equipa amorfa, desligada, sem ideias e ritmo. Para quem viu atentamente os jogos, não estando apenas a olhar para o marcador, e a espera de lances de perigo para se entusiasmar... deve ter reparado que quando em pequenos "fugachos" a equipa se empolgava, jogava com mais velocidade e dinâmica.. saiam coisas "engraçadas" e algumas jogadas de perigo... no entanto, isto aconteceu muito poucas vezes nos jogos do México... Fica a ideia que a equipa estaria claramente esgotada, e apesar de saber o que tinha de fazer, não o conseguia implementar.. acumulando erros e perdendo confiança! Foi sempre a descer! Isto não é muito grave, pois os resultados de pré-época não valem nada mais para além da capacidade de dar confiança à equipa! Confiança aos jogadores, para acreditarem naquilo que estão a fazer, naquilo que lhes estão a dizer que é certo, e confiança para a equipa técnica que não terá de se questionar se está a fazer muita coisa errada! É esse o problema que o Benfica traz desta digressão! A confiança diminuída pelos maus resultados e futebol pobre! Poderá ser isto que faça a diferença quando dia 9 começar a rolar a bola, e as coisas continuarem a não sair logo bem! Em caso de má entrada no jogo... toda a gente vai-se questionar e ter medo de falhar mais! 

O Futebol que Rui Vitória quer:

Que futebol quer Rui Vitoria para o Benfica? Esta pergunta era a mais presente nos benfiquistas desde o dia da sua apresentação. A expectativa da pré temporada rodava muito em torno de saber o que iria produzir e jogar a "nova equipa do Benfica". No dia da apresentação, Rui Vitória prometera não cortar com o passado, mas procurar novas alternativas, pequenas alterações à abordagem do jogo, mas sobretudo uma maior alegria na forma de jogar à bola. Os primeiros jogos a feijões mostram algumas coisas. Novo sistema em alguns casos, 4-2-3-1, utilizando um jogador mais com características de 10, que ligasse mais o meio campo, e possivelmente para recorrer em jogos mais complicados. Verificou-se também que quando jogando em 4-4-2, sistema "igual" ao da temporada passada, os jogadores que actuam nas alas têm tarefas diferentes.. Com Jesus o objectivo era sobretudo a rapidez em galgar metros, chegar rápido à zona de decisão, e aí procurar as combinações e movimentações que tão bem faziam Lima e Jonas... E isto era ainda mais vincado em Sálvio, pois Gaitan oferecia por vezes outras soluções, com jogo mais interior e com mais imaginação.  Rui Vitória parece apostar na enfatização desse jogo de Gaitan, e aplicando o mesmo à direita (regra geral com Talisca). Procura-se que os "alas" deixam de ser alas, e joguem como meia direita e meia esquerda, flectindo para dentro, e procurando combinações com o médio a 8 (geralmente Pizzi), o homem a jogar a 9 (Jonas) ou 10 ( Gaintan ou Djuricic!?!). A ideia poderá passar por uma maior segurança na circulação de bola, permitindo também que a equipa consiga gerir melhor os momentos do jogo, não estando sempre em busca do golo, ou a sofrer por não ter capacidade para estar um jogo todo e uma época toda a carregar sobre os seus adversários - aconteceu sistematicamente com JJ, e foi o seu maior handicap, em especial nos jogos mais importantes. Todavia, esta abordagem está a esbarrar num problema. Os laterais são fundamentais, na minha opinião! Os desequilíbrios ofensivos poderão ser conseguidos muitas vezes com as entradas dos laterais no espaço deixado pelo "ala direita/esquerda" que flectiu para dentro! Só que isso não aconteceu muitas vezes nos jogos de pré temporada... André Almeida é mais defesa que lateral, poucas vezes pisa além do meio campo... Eliseu vai aparecendo, mas não foi acutilante e consistente o suficiente.. o melhor (para mim), ainda foi Silvio, apesar de falhar na hora da "decisão final" - último passe ou cruzamento. Sobressaiu, em pequenos fugachos também Nelson Semedo... Foi até ao que melhor cumpriu essa tarefa durante o pouco tempo de jogo que teve. Sem estes movimentos, torna-se mais simples para as equipas conseguirem travar as combinações dos jogadores do Benfica, retendo o jogo ainda longe da sua baliza, e levando geralmente a que haja muitas perdas de bola e afunilamento do jogo encarnado. Naturalmente que as movimentações dos avançados tornam-se igualmente importantes, podendo estes também cair na direita ou esquerda, oferecendo opções de "descongestionamento" do jogo. Todavia, para fazer isso o avançado deve ser agressivo, astuto e com boa preparação física, pois o desgaste é enorme! Lima era perfeito, mas já não está la. Jonathan tem-se esforçado... mas talvez não seja nessa tarefa que ele possa rendar mais.. vamos ver! Importante, e quando em 4-2-3-1, ter um "10" que marque a diferença... Rui Vitória experimentou vários... mas para mim Djuricic foi o que melhor cumpriu... Aliás, fico sem saber porque o sérvio não jogou mais, pois os únicos minutos que fez, foram de muito boa qualidade - provavelmente a par de Gaitan, o jogador que mais ocasiões de golo ajudou a criar em toda a pré temporada... mesmo jogando tão pouco!! 

No próximo post ficará uma análise mais direccionada ao individual... e ao que poderá ser preciso fazer para melhorar a equipa! fica para breve :p

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